domingo, 19 de outubro de 2014

Mesmo que não venha mais ninguém, ficamos só...

Deixa-me ficar um bocadinho chateada contigo. Assim não podem existir muitas saudades. O dia a ficar mais claro quando me acordavas de manhã. Os nossos risos juntos contra a vida que consegue ser uma cabra. Agora, entraste tu no comboio e eu nem sequer me posso despedir de ti. Posso e não posso. Quero contar-te coisas - tenho tanto para te contar, para te dizer. Tens tanto para me contar e para me dizer. O mar era tão imenso e eu nem o consegui olhar. Tu estavas do lado do rio e eu do lado do mar. Foi sempre assim porquê? Estou tão farta de saudades e de impossibilidades. Acho que contigo eu era qualquer coisa de que me tinha esquecido. E, sabes, já não me lembro. Porque tive de me chatear um bocadinho. Para te dizer um adeus estúpido e doente. a vida, que consegue ser uma cabra. Já te tinha dito? Houve alguém, um dia, que decidiu que eu teria uma armadura de ferro. Então, a minha força seria um talento. Quero ser fraca como toda a gente. Mais fraca ainda. Não consigo. Então, chateio-me um bocadinho e não te digo que tenho saudades. E pena. Muita pena.

sábado, 4 de outubro de 2014

Continuar

Aparece aí, serve dois copos, não me dói nada. Não me apetece ouvir-te, deixa-me só fechar os olhos. De manhã, não vou acordar para me despedir. Mas, obrigada.

Abraço-os

Hoje a lua está cortada ao meio e eu meia volta dei. Soube tão bem, sonhar. Era tão bom, acreditar. Aqui neste canto neste lado da rua existem fantasmas e eu gosto de dançar. Então danço. A noite é muito longa, como já te disse, e eu tenho muitos demónios também. Este veneno que herdei e que alimento. É uma defesa, tu sabes. Enquanto não vens tu de ti outro de ti alguém assim que me olhe para lá das confusões e dos medos eu beberei a vida como um copo de shot. Então, meio anestesiada, acordarei a saber que o céu ainda não é profundamente azul e que os meus caminhos serão sempre duros. Abraço-os, como sempre. E afago os demónios que me rosnam aos pés. Hei-de amansá-los e um dia seremos os melhores amigos.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

É tarde

O que fazem todos vocês à noite? Escrevem cartas? Aninham-se? Discutem? Esquecem? As noites não são para dormir, nunca foram, não percebo esta sede de aproveitar as manhãs, o mundo é muito confuso às nove e eu fico sempre mais frágil ao acordar. Nunca percebi se as noites são dos felizes ou dos infelizes.