quinta-feira, 27 de junho de 2013

Verão

Quando Junho terminava tínhamos já tudo: sal no corpo, olhos de limo, por vezes até um amor perdido. Depois, Julho corria e era como um Junho gordo a rebentar, uma sesta prolongada. Castanhos, mudávamos de praia e em Agosto prometíamos voltar. Setembro não existia. Em cada dia quente, há um Verão inteiro.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Acho que foi quando disseste que eu não dançava assim tão bem. Claro que não danço. Não vês? Nunca foi a dança. Dançava para ti. Para te fazer sorrir. Para te seduzir. Para ser feliz. Acho que foi quando disseste que eu não dançava assim tão bem. Como se isso realmente importasse. Como, se assim, não tivesses explodido o que restava. Tudo. Não reparaste. Não viste bem. Foi como se empurrasses a minha torre de legos. E o melhor de ti se desfizesse como a poeira em que te encontrei.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Charles Bukowski (escrever dói)

"Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a vida ia recomeçar e depois de se passar a noite inteira a dormir cria-se uma espécie de intimidade especial que fica muito mais difícil de largar. Sempre fui solitário. Desculpe-me, creio que não regulo bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma ou outra fodidela, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem. Eu sei que não é uma atitude simpática. Mas ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas, foram as pessoas que me tornaram infeliz". Charles Bukowski

Cicatriz

Eu não quero um amor que me salve sempre, basta que me faça respiração boca a boca de quando em vez. Não preciso desse amor. Não acredito nesse amor. Não me ajeites as almofadas nem a vida. Não me faças o jantar, prefiro que me tires da prisão, sendo eu culpada. Eu quero um amor que me ame pela cicatriz.