sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Suave

Fala baixinho, não me levantes assim a lembrança das coisas más, pára de dizer o mesmo ainda que eu o tenha dito já. Ouve-me para lá da defesa desses argumentos que no fundo só cimentam a ausência só garantem a distância. Não fazem nada por nós. Fala baixinho, porque se eu me agiganto, vai-nos doer aos dois.
Fala assim ao de leve, mesmo das coisas que custam. Pousa os braços em cima da mesa: descansa-os e descansa tu. Estamos todos um bocadinho exaustos e se falares baixinho custa menos recomeçar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Essa verdade

A menina do café não sabe o que se esconde por trás das nossas pestanas fechadas. Piscamos os olhos e no momento em que as pálpebras descem há todo um Inferno e há um mar de recordações que a menina do café não pode entender. Entendemos nós, a custo. E, para falar toda essa verdade que é necessária, também nós - até nós, vê bem - não entendemos. Calamo-nos. O arroz e as batatas do almoço confundem-me. Era tão simples. Deveria ser sido simples.
Recuso-me a acreditar que destruímos um império para isto: para que algo tão mesquinho quanto os espectadores possa decidir o que fomos e o que somos.